Nós do Comida do Amanhã seguimos monitorando alguns impactos da pandemia sobre os sistemas alimentares.
Abaixo, nossa seleção de atualizações do mês de outubro:
COVID-19 & Fome.
No dia Mundial da Alimentação, 16 de outubro de 2020, foi lançado o Instituto Fome Zero! Iniciativa do Senior Advisor do Comida do Amanhã, José Graziano da Silva, junto à diversos especialistas em segurança alimentar e nutricional, a organização pretende promover o combate à fome ao topo da lista de prioridades no Brasil e no mundo. Clique aqui e acesse o site do Instituto!
Segundo Report da ONU, a insegurança alimentar grave está crescendo no mundo e alguns países podem enfrentar crises severas ainda este ano.
David Beasley, Diretor Executivo do Programa Mundial de Alimentos (ganhador do Prêmio Nobel da Paz), alerta que a crise alimentar mundial que virá no próximo ano, agravada pela pandemia, é algo inimaginável e pede aos bilionários que participem da solução.
O problema não afeta somente países subdesenvolvidos: No estado da Pensilvânia (Estados Unidos), a fome chegou ao seu pico desde o início da pandemia. Em Nova York, as chamadas “filas da fome” percorrem a cidade com pessoas esperando doações de refeições e alimentos.
No Brasil, ironicamente uma potência agrícola, comer e beber já ficou 9,75% mais caro esse ano e a inflação é mais alta para quem ganha menos.
COVID-19 & Alimentação escolar.
Nos Estados Unidos o aumento da insegurança alimentar devido ao fechamento das escolas também é uma preocupação crescente, segundo reportagem da Bloomberg.
No Brasil, os 30% de recursos da Alimentação Escolar destinados à compras da agricultura familiar não estão sendo devidamente utilizados, enquanto famílias passam fome e carecem de uma alimentação saudável, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar (FBSSAN) e Nutricional em parceria com a Articulação Semiárido (ASA).
O FBSSAN realizou ainda audiência pública, em parceria com a Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil, sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal de desobrigar o estado do Rio de Janeiro a fornecer alimentação escolar durante a pandemia e posteriormente ampliaram a denúncia sobre ausência de alimentos saudáveis na alimentação escolar neste período.
A Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável realizou Webinario sobre a alimentação saudável nas escolas dentro do contexto das eleições municipais.
Segundo levantamento realizado pelo Jornal O Globo, a alimentação não está chegando aos alunos da rede municipal do Rio de Janeiro. Este ano o Tesouro da cidade não gastou absolutamente nada com alimentação escolar: as fontes dos recursos são federais, as cestas são compradas com verbas do PNAE (vinculado ao Ministério da Educação) e os cartões-alimentação adquiridos através do salário-educação. Ainda assim o gasto foi 17% menor este ano do que no mesmo período de 2019.
COVID-19 e Padrões de consumo.
Como citado no primeiro tópico, a inflação está afetando diretamente o consumo alimentar dos brasileiros, principalmente os mais pobres. A agência de notícias Bloomberg aponta que a tendência inflacionária é mundial e está relacionada ao aumento dos custos de grãos (commodities agrícolas).
O estudo Nutrinet aponta que a relação entre melhora ou piora da alimentação dos brasileiros durante a pandemia está diretamente ligada à sua classe social.
Na faixa etária que representa maior risco de letalidade em caso de infecção por coronavírus no Brasil (45 a 55 anos), o consumo de alimentos ultraprocessados quase dobrou durante o isolamento.
Segundo estudo da USP, houve um aumento de 23% durante a pandemia no número de mulheres que declaram “beliscar” petiscos ao longo do dia. O uso de serviços de entrega em domicílio dobrou entre as mulheres adultas e 1 a cada 3 entrevistadas deixou de fazer compras no supermercado.
COVID-19 & Obesidade.
No Brasil, o número de pessoas obesas mais que dobrou nos últimos 17 anos. Os dados do IBGE, apesar de não cobrirem o ano de 2020, apontam uma tendência que é agravada com o isolamento: O editor chefe da revista científica The Lancet propôs, através de artigo, que a pandemia passe a ser denominada “sindemia” por agravar outras epidemias que já estavam em curso, entre elas o aumento da obesidade.
Considerando o contexto das eleições municipais como uma janela para mudanças, a Aliança pela Alimentação Adequada e Saudável realizou uma entrevista on-line sobre políticas públicas no combate à obesidade, com Barry Popkin, pesquisador e professor de nutrição da Escola Internacional de Saúde Pública da Universidade da Carolina do Norte.
O que comemos muda o mundo.
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